
Em entrevista, Ciro Gomes afirma que as reformas de Temer são legados da escravidão
Ciro Gomes (PDT), ex-governador do Ceará (1991-1994), disse em entrevista ao jornal Brasil de Fato: “essas reformas são um legado escravista”, sobre as reformas trabalhista e previdenciária, propostas por Michel Temer (PMDB).
Ex-ministro da Integração Nacional no governo de Lula, entre 2003 e 2006, Ciro acredita que “a reforma trabalhista é um retrocesso do Brasil ao século 19 e deixa o trabalhador em uma situação de absoluto abandono, o que é intolerável”.
E acrescenta: “nenhuma nação pode prosperar impondo à sua força de trabalho insegurança jurídica e econômica”.
“Estamos ganhando a reforma da Previdência”
Para Ciro, pelo menos na reforma da Previdência, os brasileiros estão ganhando.
“Graças ao êxito daquela greve no fim de abril, acredito que nós tenhamos vencido essa batalha, o que não nos permite baixar a atenção e as armas. É preciso seguir mobilizado. Essas reformas são um legado escravista. Assim como a luta pela terra, que nunca foi pública e ainda tem heranças das capitanias hereditárias”, afirma.
Alternativas
Segundo Ciro, “nenhuma nação prospera impondo à sua força de trabalho insegurança jurídica e insegurança econômica. Essa política estúpida de [Michel] Temer e [Henrique] Meirelles é para ganhar a confiança dos agentes internacionais, que viriam em nosso socorro para nos salvar”.
O ex-ministro acredita que agora é o momento “só a mão do povo tem o condão de resolver essa crise, essa agonia dos poderes constituídos brasileiros, empalmados por uma quadrilha de salafrários”.
No entanto, vê que “é muito improvável que esse Congresso golpista, corrupto e fisiológico por sua imensa maioria, devolva ao povo o monopólio de poder que hoje ele tem na mão”.
Este é o momento de construir um novo projeto.
Na entrevista ao Brasil de Fato, Ciro reitera a necessidade de “um projeto nacional de desenvolvimento para cativar o povo”.
Para ele, três fatores impeder o Brasil hoje de crescer: “um fator é o endividamento explosivo do setor privado, já que as empresas brasileiras estão descapitalizadas e não sairá daí um centavo para sustentar o desenvolvimento que nós precisamos”.
Outro fator levantado pelo ex-ministro é o colapso das finanças públicas. “Você tem um momento em que o que está orçado para investir esse ano não chega a 1,6% do PIB”.
Por terceiro, “no Brasil, qualquer experiência de crescimento, medíocre que seja, como aconteceu em menos de 2% em 2013, apresenta um desequilíbrio monstruoso nas nossas contas com o estrangeiro, derivado de um fato, que por anos a fio, nós nos prostramos ao mito neoliberal, abrimos mão de um projeto nacional e nosso modo moderno de vivência consome coisas que são globalizadas, importadas do estrangeiro”.
Fonte: Brasil de Fato
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